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Mostrando postagens de abril, 2025

Turismo Verde, Ancestralidade e Territorialidade: O Futuro é Ancestral

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E m  um tempo em que os impactos da modernidade colocam em risco a integridade dos ecossistemas e das culturas tradicionais, o turismo verde emerge como uma possibilidade de reconexão: com a terra, com os saberes ancestrais e com a própria ideia de pertencimento. Não se trata apenas de viajar de maneira sustentável, mas de viajar com respeito, escuta e envolvimento. O filósofo Airton Keinak afirma que "o futuro é ancestral" — uma frase que, à primeira vista, parece um paradoxo. Mas, ao mergulhar em sua densidade, compreendemos que é justamente no resgate dos modos de vida tradicionais, nas práticas de convivência com a natureza e no reconhecimento das cosmologias originárias que se desenha uma nova visão de mundo. Uma visão que, paradoxalmente, é muito antiga. O turismo verde — também chamado de ecoturismo ou turismo ecológico — é uma prática que busca minimizar os impactos ambientais das atividades turísticas e maximizar os benefícios para as comunidades locais. Porém, es...

Espinosa: Um homem além de seu tempo

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No panorama da filosofia ocidental, poucos pensadores foram tão revolucionários — e ao mesmo tempo tão silenciosamente profundos — quanto Baruch de Espinosa. Judeu sefardita excomungado por sua comunidade em Amsterdã no século XVII, Espinosa transformou a maneira como pensamos sobre Deus, natureza, espiritualidade e a vida ética. Sua filosofia, estruturada sobretudo na obra Ética , é mais atual do que nunca em tempos de crise ambiental, fragmentação espiritual e alienação cotidiana. Deus ou a Natureza: A Unicidade do Real Uma das teses mais notórias de Espinosa é que Deus é a Natureza ( Deus sive Natura ). Essa fórmula, ao mesmo tempo simples e radical, inverte toda a concepção tradicional do divino. Em vez de um Deus pessoal, transcendente e separado do mundo, Espinosa propõe uma divindade imanente: Deus é a própria substância do universo, aquilo que existe em si e por si, e do qual todas as coisas são modos ou expressões. Esse conceito elimina a dualidade entre espírito e matéria, c...

A Morte do Santo Papa Francisco: Um Legado de Amor aos Pobres, à Terra e aos Esquecidos

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O mundo despertou, neste pós Páscoa, com o coração mais apertado. Não por uma notícia de última hora, tampouco por um anúncio solene vindo do Vaticano. O que se deu foi uma morte simbólica, porém profundamente real: a morte do Santo Papa Francisco — não sua morte física, mas o encerramento de um ciclo luminoso que marcou a história da Igreja e do mundo contemporâneo. Uma espécie de ressurreição ao contrário: enquanto celebrávamos a vitória da vida sobre a morte, sentíamos que algo precioso, quase sagrado, se retirava suavemente da cena. Jorge Mario Bergoglio, o jesuíta argentino que se tornou o 266º papa da Igreja Católica, é, para muitos, o maior símbolo moral do século XXI. Desde sua eleição em março de 2013, Francisco conduziu a Igreja por caminhos corajosos, dolorosos, mas profundamente humanos. Sua morte simbólica, após a Páscoa, tem o peso das grandes passagens bíblicas: é como se sua missão, concluída, deixasse agora lugar para a semente germinar no coração do mundo. Neste mo...