Quadrante

"Que outra lua anda
mais nua do que a nua
lua de Luanda?"
Talvez a lua do mar
ou outra lua de Tomar.
Todavia havia para lá
bem para lá do Ceará
uma lua sertaneja
que ora brinca, ora mareja
canta e se encanta com maracatu e loas,
mas que sorri feliz em Lisboa.
Sorri feliz, mas também chora
cheia de saudades
das infinitas cidades por onde passou.
Ah, a lua suspira!
Conspira segredos tantos,
no entanto, nada nunca falou.
Que outra lua macia
ama mais do que devia a lua
enamorada, a lua amada, a lua de Almada.
Cheia ou minguante,
crescente ou nova,
a lua sempre se renova
Assim como a esperança no sertão
do mais longuíguo Piauí,
que a lua teimosa e crua
germinou dias por' ali,
valsou noites e fora por' aí
sob a sombra do Sol continente.
Que outra lua atua
em vida e morte e perpetua
as incertezas de um adeus.
Que outra lua,
a lua de Viseu,
a luz de cada amor meu,
afeto seu, de uma oriente Macau.
Que outra lua flutua
em versos esquecidos na ponte de Abril
ou na Vila Nova de Gaia
sob o signo da terra.
Ou outra lua busca
jura, erra e se desespera
na louca espera das reticências.
Que lua caminha,
inevitavelmente às ausências.
na penumbra triste e fria de Leiria.
Que outra lua revela
vielas e ruas
mais becos e bares
meu charme e teus ares,
mais sonhos, meus sonhos
que me seguem
que me perseguem
ao limite exaustivo de viver
Que outra lua finda
na lua d'outra estação
a úmida lua última
de não ser mais lua.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que precisa ser entendido entre cultura e meio ambiente

O Papel do Hidrogênio Verde na Construção de um Economia Sustentável

Argentina rumo ao abismo: a reprise de um filme