Eis a questão: Ser ou não ser moderno? Jamais.






Um ponto de partida para se pensar cultura é analisar suas relações com a sociedade, e, cada vez mais, nesse cenário globalizado em que estamos vivendo, com as mídias e novas tecnologias. 

Talvez, à primeira vista, isso pareça impessoal, tanto quanto mecânico, mas, ao contrário, fruto de sua própria dinâmica, a cultura ampliou seu conceito e seu horizonte, sendo vista e compreendida como elemento fundante do ser humano.

Vemos nascer uma nova sociedade, um novo ser, numa velocidade intensa, mais veloz do que a de um cometa, que a principio poderia nos deixar atônitos pelas reações que provocam e pelas situações com as quais nos deparamos, mas, segundo um teórico da Semiótica da Cultura (que folheava esses dias), Iuri Lotman: "toda obra de arte inovadora é elaborada pelas influências e expirações de um modelo tradicional.". 

Assim o velho se faz novo e o novo é sempre a continuação de um ontem. 

Nada parte do vazio? Tudo pode parecer muito novo, sem a ancoragem de grandes teóricos, mas, numa abordagem inter e multidisciplinar, estamos sempre nos ligando e religando nessa linha tênue e invisível da vida.

Nesta perspectiva, nos discursos dos políticos, em artigos nos jornais, nos  noticiários de rádios e televisão, nos comentários de redes sociais, na literatura e nas outras maneiras de comunicação, modernidade é uma dessas palavras-conceitos que parecem estar em toda a parte ao nosso redor, essencial para compreensão de uma cultura e de uma sociedade que se definem, antes de tudo, justamente por serem modernas. 

Mas o que é ser moderno? 


O que é essa tal de modernidade, pós modernidade, hipermodernidade e bla bla bla... Ou pior é que alguns perseguem esta tal modernidade como se fosse a pedra mais rara do Universo, uma boia de salvação ou o décimo primeiro mandamento de Moisés. 

Talvez estamos parados à frente da imagem da esfinge e a Medusa vai nos transformar em pedra. Triste, não?

Mas, acima de tudo isso, o que importa mesmo, é viver. 

Simplesmente viver sem construir momentos baseados em velhas amarras e pré-conceitos, não estando contra ou a favor, mas viver. Também não estou dizendo que o "cara" torne-se um "Maria vai com as outras", um sem opinião, sem convicção. Todos nós temos que ter e defender ideias, metas e objetivos. Ambição e vaidade, no sentido mais positivo das palavras. Todos nós temos o direito e o livre arbítrio. O poder de decisão. E esse "poder" não perpassa por rótulos e nomenclaturas, e, sim, perpassa em não atingir o outro. Não ferir o seu, o meu e ninguém. Uma regra de boa convivência.

Mas, acima de tudo, o que importa mesmo, é se renovar. Compreender-se no mundo e  o mundo. O mundo e suas culturas. Simples, mas complexa, diversidade. Complexa, mas simples, natureza. E principalmente nesse cenário global, cada vez mais invasivo, o respeito tem que ser tornar a palavra de ordem. Solidariedade, a palavra do dia.

Ser individual é bem diferente de ser individualista. 

Expressar suas opiniões, gestos e sentimentos tem que ser natural. Não tem nenhuma conexões por ser ou estar "moderno". 

Essa é também uma boa regra de convivência no ciberespaço, no mundo digital da web. Um mundo sem fronteiras também tem seus limites e suas normas. Um mundo sem fronteiras tem "fronteiras virtuais" que parte de um pro outro, do outro pro muitos numa rede de convivência. A regra do bom vizinho. E o seu vizinho está do outro lado da tela.

Eis, então, a pergunta: Ser ou não ser moderno? Isso, é claro, parte de cada um. 

Para mim, jamais. O que importa mesmo, é ser cidadão.

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