A arte do roteiro e a profissão de roteirista






Já disse antes um dos meus prazeres na vida é escrever. Aquilo  que gosto mesmo de fazer - o de criar e inventar diálogos, ações cênicas e personagens. Sempre é uma visitação ao meu ser infantil, lúdico, criativo e livre. Uma imersão à uma parte de mim que tenho respeito e responsabilidade. Tenho agradecimento e abraço essa habilidade como profissão: autor - roteirista, escritor e dramaturgo. 

Bem, já podem perceber que vou "puxar sardinha" para mim, Para uma de minhas funções de redator que tanto amo e que, cada dia, quero fazê-la com plenitude. Se possível só fazê-la (egoisticamente) no futuro. Tenho muitas histórias para contar, pesquisar, investir e viver.

Um sentimento bom é ver A Lenda do Gato Preto, páginas que dividi com Kennedy Saldanha, sob a direção de Clébio Viriato Ribeiro, na grande tela e mais recentemente nas plataformas streaming. Um "bom orgulho" de realização ver o pássaro ganhar voos maiores. 

Mas o que é isso? O que é ser roteirista? E para que serve um roteiro escrito seja para o cinema, seja para televisão? Ter o prazer de ouvir elogios, aplausos, uma lágrima emocionada de alguém na poltrona ao lado. Ver o elenco da minha peça teatral "Nos Trilhos da Paixão" voltar 05 vezes ao palco coberto de aplausos no Festival Internacional de Teatro em Expressão Ibérica na cidade do Porto, em 2003. Mágico, tudo isso é mágico! Mas, antes de tudo, estudo e trabalho duro. Muita leitura e dedicação.

Existem técnicas específicas, uma ciência para construção de uma história inventada. Neste post, vou trazer um pouco do universo do roteirista, do escritor e do dramaturgo. Vou apresentar a importância de um roteiro escritor para quem deseja ser e se tornar um "fazedor de histórias".

O que é um roteiro?



O roteiro é uma peça de sedução. Ele tem que encantar o produtor, o patrocinador que vai investir no filme, o diretor que vai dirigir a estrutura cênica, os atores que vão dar vidas as personagens escritas e, principalmente, ao público que vai ler, ouvir, assistir e acompanhar a história. O produto final tem que tocar o coração, emocionar pessoas e fazer com que traga retorno financeiro a quem trabalhou e investiu na história que está sendo lida, ouvida e contada.
Então, o roteiro nasce com o destino traçado (ou pelo menos pretendido) de fazer com que todos, técnicos e elenco vislumbrem nele oportunidades para exercer seus diversos talentos e criatividades da melhor maneira possível. Mas também, como produto de comunicação e marketing, traga um ganho e pagamento aos profissionais que estão envolvidos na sua realização.

O roteiro, sem dúvida, por essa concepção, é uma peça técnica e literária. Ele não é só a mágica arte dramática do cinema, da televisão e nem de outra nova mídia audiovisual, é uma peça escrita assertiva de algo para ser lido, visto, sentido e comprado.

Nossa, que louco, uma responsabilidade grande! Podem estar pensando e falando futuros contadores de história. Sim, todo escritor, roteirista e dramaturgo é um lúdico contador de história, mas, por outro lado, também é um condutor de emoções e desejos. Isso não é ter desprezo, um conspirador da arte... um vendedor do capitalismo feroz... não, não... muito pelo contrário. O artista nasce aí - na contradição. Na soma insólita entre a emoção e a razão, entre o talento criativo e criador e a matemática na partitura das palavras.

A terrível deliciosa construção de um roteiro e a arte de ser um roteirista.

Pois é, tenho que contar para vocês. É terrível construir um roteiro, contar um história que seja interessante e envolvente, mas também é delicioso ter que criar uma história que possa despertar a atenção.  

Para o mercado literário ou do audiovisual, o roteiro tem o destino de agradar a todos, de emocionar cada um que leia as palavras, ouça os diálogos, veja as cenas e os personagens sofridamente escrito. Sim, sofridamente criados, pensados...

Não pensem que tudo que estar escrito veio de forma alegre, tranquila, fácil e tal tal tal, tudo ali está por "sangue, suor e lágrima". 
São horas e mais horas, muitas madrugadas sem sono, para que depois impiedosamente ele sofra modificações por gestões, sugestões, ideias, palpites e conselhos que chegarão de todos os lados, antes e durante (até após) a filmagem. 

Mas, se ele tiver substância e sobreviver as "chuvas de indagações, observações, críticas e elogios", vai ser aplaudido e apreciado. Ele vai ser motivo de orgulho de quem ficou horas e horas e muitas madrugadas sem sono, pensando nele e vivendo para ele. O roteiro é um "sujeito egoísta e individualista" que gosta de ter atenção e provocar atenção.

Modificado ou não, isso faz parte da escrita. Nele vai estar ali frase, gesto, diálogo, um pouco de você. Um grão de sentimento, vivência e experiência do escritor. Sim, porque não estou tão certo da frase de Pessoa "o poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que finge a dor que deveras sente". Há a técnica da escrita, mas há o profundo Eu interno de quem escreve. Há o trabalho duro de pesquisa, mas há também o inconsciente emocional e espiritual do escritor.

Você não sabe e deve saber.
Algumas coisas você não sabia, mas deve você saber. Coisas boas e más. Toda personagem boa ou má tem um fragmento seu.  Há gente que diga que não, mas essa é a tese que defendo.

E acho isso sensacional, um exercício pleno de conhecimento e autoconhecimento. A possibilidade de ampliar olhares externos e internos, visitar questões (até então) adormecidas em você. 

Daí, gosto de escrever sobre o ser humano e rever pensamentos e ideias, possibilidades de vida. Acho isso mesmo fascinante, a arte de pensar pessoas e seus projetos de vida. O homem, a raça humana, sendo (e tem que ser) a principal peça do roteirista. O escritor é, antes de tudo, um pesquisador do ser e do social.

Ser roteirista e o mercado
O valor técnico e artística do roteiro que está sendo reconhecido no mercado. Cada vez mais esse profissional da escrita está sendo procurado pelos estúdios, produtoras e empresas de comunicação e marketing. 

A turma está "botando fé" na função de roteirista. E a produção audiovisual está bem aquecida com uma nível de realizações bem alto no Brasil e no resto do mundo. Apesar dos pesares, com crise ou sem crise econômica ou de outra natureza, o mercado busca profissionais de escrita. E, surgem novas e boas escolas, novos e bons profissionais. 

A indústria do cinema e do audiovisual se inventa e reinventa no mercado. O setor gera emprego e renda. O setor movimenta todo uma economia criativa de um país e aproxima pessoas especializadas no mundo.

Felizmente há uma tendência empreendedora no setor criativo que incentiva o talento criador do roteirista na construção de um produto audiovisual.  O roteiro é uma peça fundamental para o realizador dimensionar seus gastos, planificar sua produção e balizar o que o espectador (a quem interessa o filme) gosta e vê na intimidade de sua casa, escritório etc.


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