Sonho sonhado: realidade ou ficção.


 



Um jardim, muitas flores de muitas cores, um lago esverdeado ao meio, um sentimento de paz e união.

Muitas pessoas felizes. Assim eu vi essa imagem defronte de mim e também sentia essa natureza de harmonia e amor puro.

Eu queria ficar ali, eu queria entender tanta felicidade, de um ao outro.

Um poema escrito alguns anos atrás me vem à cabeça fortemente. “ Um e outro, o que há em mim e não há no outro, o que há no outro e foge d’outro, difícil divisão, falsa matemática, falsa matemática, essa incômoda necessidade, essa habitação inútil do ser, de ter sem ser, de ser sem antes estar, é hora, é passada a hora, o grito continua solto no ar”

O grito continua solto no ar em um mundo de sofrimento, de provações, com infinitas guerras, de opiniões sem razões, de falas sem escuta, de situações com enfrentamentos desnecessários. 

Um mundo cheio de ideologias, em que a minha “verdade” é a melhor ou a que vale.

Não vale o que o outro sente, não vale o que o outro pensa simplesmente.

Todos somos a nossa verdadeira verdade soberana.


Noutro cenário: uma bomba estourou perto de mim, uma mulher segurando o filho recém nascido corria entre buracos, destroços de moradias, muitas pedras, muitos restos de armas e balas, uma outra mulher chora, outra grita, outro protege a esposa e filha, repórteres narram o horror em rede mundial… só me resta correr e me esconder entre becos e vielas… um pastor ora por Deus, o rabino clama em um idioma que não consigo entender mas se acredita que a esperança está longe, muito longe dali. Aqui, realmente o cenário é de lamentações, crises de poder e ordem do querer.

“Ideologias não são princípios divinos, elas têm o cunho da parcialidade”, me disse um mestre oriental que aparece em rápidos segundos.

Mais bombas exploram, mísseis de longo alcance são atirados, uma aeronave vai ao solo.

Os homens brigam com outros homens, armados até os dentes, não se sabe o porquê e nem para que.

Uma moeda cai, é cara ou coroa? A facção inimiga está além do muro, bem além do morro outra milícia.

É o gás,a água, a luz, a net, tem que pagar, tem que pagar… o chefse ostenta na live do bombadão. Não é pra todos, não, a lipoaspiração no Complexo do Alemão. 

E o Rio continua lindo no calçadão de Copacabana. Ipanema e Leblon, a pedra da Gávea, servem o bom vinho? O garimpo é legal na Amazônia e a Venezuela divide tudo com democracia.

Um grita sem castelhano, outro em russo, aquele é turco, japonês ou chines.

O americano defende os limites de sua ignorância e o francês deseja que Torre Eiffel fique de pé.

O italiano senta à mesa, nada é com ele, e tem que apreciar uma prima donna.

Ninguém tem o mínimo de discernimento, não conhecem a separação do fogo e da água que dão a origem a ideologias, e princípios da união, que reúnem o fogo e água em cruz, harmoniosamente.

A civilização da cruz é justamente sem ideologias, é uma civilização pacífica.

Uma civilização em que todos têm consideração uns pelos outros, onde os países abandonem suas ideologias, não o liberalismo, comunismo e nenhum “ismo” mais. Um mundo de paz e justiça de uma só vez. Sem as guerras, a economia dos seres humanos certamente seriam usadas apenas para construir e não para destruir. O mundo de harmonia espalhado no globo terrestre e não só dos americanos, chineses, ingleses, russos, iranianos… portugueses, espanhóis e brasileiros. Um mundo de todos iguais.  

Acordei. Um fio de lua ainda estava visível,  mas o Sol já abria os seus braços em abraços de amanhecer alaranjado.  Entre sonhos  e realidades, fiz o café da manhã recordando nas visitas, nos lugares encontrados sem a certeza do porvir. Amanhã só a Deus pertence. O silêncio é o meu abrigo, a escrita é o meu acalanto.


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