Uma escolha fulcral: a escrita como protagonista na vida



A escrita sempre foi importante para mim. Tanto que ao chegar a hora de escolher uma profissão, o jornalismo foi a primeira opção. O jornalismo e também (por uma contingência de mercado) a publicidade como redator. Mas, numa sequência de carreira, o lado de gestor de projetos e pessoas prevaleceu e a escrita não tomou o protagonismo que deveria ter na minha vida. Ela estava presente (claro que sim) nos projetos em que criava, elaborava, escrevia, conduzia, mas não era a “dona exclusiva dos meus quereres”

Sim, eu escrevia argumentos e roteiros para teatro e filmes. Alguns encenados, filmados e premiados, mas sempre encarados como uma segunda via. Todos foram feitos com um caráter bem profissional, envolvendo uma equipe grande de pessoas, equipamentos e tecnologias, recursos volumosos e estratégicas de negócios. Mesmo assim não tinha o entendimento de que eu poderia viver só de escrever.  Era o lado de gestor com uma carteira assinada CLT mandando em mim.

Sim, eu usava a escrita para produzir conteúdos e roteiros audiovisuais nos departamentos de comunicação e marketing em que trabalhei e chefiei por anos. Sempre elogiado e aplaudido em cada campanha ou produto que apresentava e defendia. Mas havia algo mais. Algo que estava sendo sombreado.

Falo aqui de algo mais profundo, comportamental. Uma busca no sentido de pertencimento. De identificação na essência do Eu. Falo aqui de algo mais inteiro e íntimo. Aquilo que traz todo o prazer, todo o encantamento, todo o oxigênio que se torna necessário à vida. 

Tudo que escrevi até aqui pode parecer ambíguo. Estranho até. Como é esse cara formado em comunicação social, dramaturgo, encenador e roteirista pode dizer que a escrita não está em primeiro plano? Como pode dizer que ter feito trabalhos por encomenda ou não, usando as técnicas de escrita criativa, não é viver de escrever?


Tudo, meus leitores, tem a ver com um posicionamento, uma inversão de foco, um direcionamento interno de visão, um diálogo externo e interno de mim mesmo e dos outros. Ter a escrita como protagonista na escolha de vida é uma virada de 360º graus. É uma mudança de rota na condução do leme para quem tem mais de 50 anos. Uma mudança que exige muita disciplina, estudo, confiança, determinação e resignação. Exige também um poder de resiliência e humildade.

E mesmo não sendo fácil porque não é. Os medos e as dúvidas, os receios e as incertezas, os estranhamentos e os sentimentos mais inóspitos vão aparecer após a sua escolha. Muitas das pessoas à sua volta e o próprio tempo vão ser exigentes e cruéis contigo. Cobranças do mundo vão bater à sua porta.

Tudo vai se desconstrói para ser construído, reconstruído, reestruturado e reorganizado. Sua mente, seu corpo, seu tempo, sua vida. Uma mudança completa como se fosse “a lagarta metamorfoseando borboleta”.

Tudo isso e muito mais acontecer, seja firme como uma rocha para caber no mundo. Seja suave como a brisa para entender o mundo e seguir na compreensão de sua alma. A felicidade só importa aqui e agora.






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